Sempre que pensamos
ou falamos sobre arte, somos tomados por algumas dúvidas. Afinal, o que é arte?
O que são estas manifestações humanas que sempre acompanharam o homem em todo o
seu desenvolvimento?
Uma única resposta,
no entanto, não é tarefa fácil. Que trata a arte de manifestações humanas é
incontestável, feita por homens e para homens. Que no decorrer da história teve
em alguns momentos caráter meramente utilitário e funcional é verdadeiro. Que é
um poderoso meio de comunicação, que também é feita para o deleite do homem e
para sua fruição, que exprime sentimentos, emoções, que retrata, enaltece,
exorta e que nos induz à contemplação também é certo.
Sabemos que a
arte acompanha o homem e nos conta dele nas diversas épocas da história. Fala-nos da religião, do sobrenatural, da
mitologia, do irreal, de sonhos. Através dela entendemos muitas situações
vividas pela humanidade. Neste percurso, porém, a arte foi se transformando nas
diversas sociedades e no tempo, assumindo características próprias amoldadas
por seu contexto histórico, social, político e geográfico. Contava de seu povo
e de suas circunstâncias. Falava do homem da época, seus anseios, medos e
aspirações. Expressava o homem do seu tempo.
Assim, podemos
dizer que muito se sabe sobre um povo quando se estuda sua arte.
Outro desafio enfrentado
por aqueles que de algum modo se interessam por arte, por entendê-la, por
conhecê-la, refere-se ao conceito do belo.
Muito se fala em arte como a atividade humana
dedicada à criação de coisas belas e, em assim concebendo, temos um conceito de
fácil compreensão, porém um conceito simplista e primário. A arte carrega em
seus significados uma maior complexidade, cujos sentidos, conteúdos e alcance
são maiores que os simples valores de beleza a ela atribuídos. E ainda mais, os
mesmos atributos do belo, são variáveis conforme já falamos, no tempo e no espaço.
Desta forma, temos hoje como obra de arte objetos de outras épocas e outras
civilizações sem entendermos totalmente o que estes objetos significavam quando
foram concebidos.
Assim, como nos
coloca Gombrich (1999), ignoramos como a arte começou, no entanto, se
aceitarmos que arte significa construções de templos, pinturas, esculturas,
nenhum povo existiu e existe no mundo sem arte. Se, porém, entendermos a arte
como tão somente a manifestação do belo, do luxo, daquilo que nos deleita e
está muitas vezes em museus, teremos que reconhecer que essa nominação, bem
como essa finalidade, é bem recente em nossa história. Refletir sobre a arte
tendo em vista tão somente a beleza pode converter-se em um obstáculo, se nos
levar a rejeitar obras que não nos sejam tão sedutoras e nem se apresentem tão
belas.
Foram
entretanto os gregos os primeiros a considerar a beleza como um critério para
se valorar uma determinada coisa. Para eles, era pela contemplação do belo que
se atingia um prazer espiritual, que ia além de qualquer dimensão funcional ou
simbólica dos objetos. Para tanto a beleza para ser ideal deveria assentar-se
em princípios de ordem, simetria, proporção e regularidade. Foi esse “modelo clássico” da Grécia antiga
que tem sido uma referência presente e recorrente em diversos movimentos
artísticos no decorrer de nossa história, como, por exemplo, o Renascimento e o
Neoclassicismo, chegando até mesmo em alguns momentos ao século XX com a arte
moderna e contemporânea.
Ainda assim,
vale ressaltar de que a idéia do que é belo e do que não o é pode ser muito
diferente entre os diversos povos e até para um mesmo povo e uma mesma
sociedade pode mudar ao longo do tempo. Há que se frisar, porém, que embora
mutável através dos tempos a idéia do belo permanece fortemente ligada à ideia
da produção artística (Prette, 2008).
Hoje,
entretanto, a arte é um conceito aberto, ainda que nunca se possa perder de
vista sua dimensão histórica. Toda obra de arte tem algo de indescritível, de
simbólico, de único em sua caracterização como tal. É urgente nos despirmos dos
preconceitos para que possamos ter a possibilidade de nos admirarmos de todas
as criações da criatura do Criador.
Texto de Andréa Varassin
Referências:
GOMBRICH, E. H. A história
da arte. 16e. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
PRETTE, Maria Carla. Para
entender a arte. São Paulo: Globo, 2009.
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