Apresentação

O presente espaço visa a divulgação, discução e difusão das produções artísticas elaboradas pelos integrantes do blogger. A facilitação do contato com o universo da Arte rompe fronteiras ao tempo que une culturas, artistas e admiradores da Arte, em suas diversas linguagens. Os conteúdos postados- produções e textos- servirão de base para uma maior fruição e reflexão sobre a Arte de um modo geral. A continuidade do fazer artístico como forma de crescimento individual e coletivo, do próprio blogger e seus visitantes.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Arte hibrida: construindo um conceito através da imagem


PARA ENTENDER O HIBRIDISMO....

O nascimento de um meio é sempre caracterizado de outros meios antecedentes, assim sendo consideramos todos os meios como híbridos na em sua essência. “ O surgimento do novo sacode as crenças estabelecidas e obriga o retorno às origens. Arlindo Machado(2001,p.121).

Expressões como híbrido, hibridismo, hibridação, hibridização são encontradas constantemente na área das artes. Porém, são palavras que provêm de outros campos de conhecimento e que, segundo Santaella (2008), podem ser “aplicadas, por exemplo, às formações sociais, às misturas culturais, à convergência das mídias, à combinação eclética de linguagens e signos e até mesmo à constituição da mente humana”

Para Santaella (2003), em se tratando de arte, “são muitas razões para esse fenômeno da hibridização, entre os quais devem estar incluídas as misturas de materiais, suportes e meios.”




PINTURA




Segundo Philippe Dubois (1994,p.117-23) A pintura sempre buscou retratar a representação. O desejo da representação da imagem da figura humana, da sombra humana, vindo da ânsia de se perpetuar uma presença.A pintura tinha a pretensão de garantir o semblante de seus modelos. 





FOTOGRAFIA




Fotógrafos acham que o retoque era o ajuste necessário a conceder à fotografia um grau de “indeterminação”, similar ao procedimento da pintura.

Segundo Dubois (1994,p.28), existiram manifestações e razões dos artistas contra a dominação da indústria técnica da arte, um afastamento da criação e o criador, contra a fixação do “sinistro visível”. Alguns afirmavam que a arte jamais poderia ser substituída por um meio mecânico, já que era espiritual.

Baudelaire, segundo Dubois (1994,p.30), defendia que a fotografia era um auxiliar da memória, que servia como simples testemunha do que foi.

Selma Simão diz “que o fotógrafo vê de determinada forma o assunto à sua frente e, pelo enquadramento, determina o que será cortado ou incluído, sobrepondo ou não objetos, dependendo do ângulo, da tomada”.

Penso que, a observação, a perspectiva, o ângulo fotográfico para cada pessoa tem sua importância, pois, além de ser referência para a criação de um trabalho, diz respeito às vivências, às preferências, ao universo pessoal de cada um...

Segundo Dubois (2008), a foto não é apenas uma imagem, pois não se limita somente ao gesto, ao ato fotográfico, mas ao “ato de sua recepção e contemplação”.

Para Soulages (2007), “o ato fotográfico é entendido geralmente como humano, referente a atos humanos, a escolhas humanas”. Assim, o ato fotográfico vai muito além do registro da imagem.

A partir dessa ideia, da mistura de objeto e técnicas diferenciadas é que criamos a obra titulada como Nossos olhares. Acredito que o hibridismo presente na obra, nos deu condições e possibilidades de ir além da fotografia e criar algo novo. Uma nova imagem.

Rasgar uma foto ou interferir nela de alguma forma é triste, principalmente quando a imagem é linda! Mas ficar pensando em como continuar a outra metade é doido e ao mesmo tempo curioso. Quando se trata de montagem para criar uma nova imagem nos parece mais fácil pelo fato de que é pintar a tela e introduzir uma nova imagem. Mesmo assim é uma nova sensação de medo, um nó na garganta que insiste em se perguntar, mesmo que inconscientemente: “será que vai ficar legal?”

O meio fotográfico, por sua vez, coloca na pintura elementos que lhe são particulares: documentos objetivos, fragmentos da realidade, registros instantâneos, congelamento do movimento, retenção de tempo em imagem e memória do mundo. Esse hibridismo aponta um caminho de reflexão, já que, tecnologia digital invadiu o universo fotográfico e outros processos de produção imagética, tornando o hibridismo uma característica generalizada.

Texto escrito por: SELMA MACHADO SIMÃO - ARTE HÍBRIDA

Entre o pictórico e o fotográfico.

editora: Unesp, 2008. SP.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um pouco sobre malabarismo....

   O Malabarismo é uma das diversas Artes Circenses, elas têm esta denominação posterior ao formato de espetáculo criado por Phillip Astley - no final do século XVIII - mas vale ressaltar que as mesmas (tais como malabarismo, acrobacias, contorcionismo, prestidigitação, ilusionismo, magia) são de tradição milenar, pois estiveram presentes nas primeiras civilizações a.C


                              Pintura tumular egípcia com cerca de 4000 anos, mostrando mulheres fazendo malabarismo.


    As produções abaixo foram realizadas a partir do texto de António Machiavelo, da Gazeta da Matemática, de Portugal  e também do livro A Matemática do Malabarismo (2002) de Burkard Polster. Basicamente, relatam brevemente a origem do malabarismo, e a coincidência cronológica dos primeiros registros de matemáticos, alguns que também eram malabaristas.
    Ambos, nos contam que surgiu um problema entre os malabaristas em comunicar um novo número, ou um determinado movimento criado. A dificuldade de comunicação resultou na união da matemática com o malabarismo. Um trabalho realizado por diversos malabaristas, matemáticos, engenheiros. Surgiu então uma numerologia específica para o malabarismo que em outra postagem estarei explicando isso melhor.
      Partindo destas informações realizei duas produções: a primeira em folha A3, desenho em nanquim aquarelado. A segunda, uma intervenção digital sobre a primeira obre, colorizada com efeito de aquarela.


 Artista: Leonardo Biasi Placedino
Técnica: Nanquim aquarelado sobre papel
Dimensões: 297 x 420mm


Intervenção digital com efeito de aquarela

Curiosidade sobre Palhaço

O palhaço carrega uma gama de subjetividades em si, sua personalidade, que também demonstra uma visão de mundo diferenciada, que é compilada, também na estética de sua construção visual.
 A construção visual clássica do palhaço, numa referência ao tipo Augusto, pode estar associada à figura do marginal, do miserável. Assim como Bolognesi (2003) aponta-nos em seus estudos, que em meio ao contexto da Revolução Industrial, Augusto “impôs-se como estilização da miséria”, por ser o tipo que não consegue realizar uma simples tarefa. Augusto não estava inserido no contexto do progresso industrial, era inútil. Este fato culminou com o surgimento do gênero Tramp (Vagabundo) nos Estados Unidos. Diversos pesquisadores[1] contam que se estabeleceu uma relação entre o palhaço Branco, com as pessoas de classe social superior, e obviamente, Augusto, seu contraponto. Percebemos então, que este palhaço, sempre se esteve ligado a esta perspectiva de miséria. Seus signos, apontados por Bassi, também demonstram seu status de perdedor.
Hugo Possolo ao falar sobre o surgimento de Augusto[2] destaca que o nariz vermelho, representa o desequilíbrio, tanto emocional, físico, ou moral, que o bêbado e o palhaço têm incomum - Leo Bassi faz a mesma menção ao bêbado, marginal, ao perdedor:

O palhaço é aquele que perdeu. Seu nariz é vermelho, porque com o tempo se embebedando de vinho nas ruas frias, o choro e as quedas, o nariz fica realmente vermelho. Suas roupas são desproporcionais e seus sapatos são grandes porque não lhe pertencem. O palhaço é aquele que perdeu a dignidade. Mas somente quem perde totalmente a dignidade pode atingir uma outra condição de dignidade, e isso acontece quando ele reconhece e aceita sua derrota, sem mágoas, sem culpar ninguém pelos seus fracassos, sem autopiedade.” (LIBAR, 2008, p.174) 

 O nariz do palhaço, a menor máscara do mundo. “A que menos esconde e mais revela” (BURNIER, 2001, p.218). De acordo com José Regino[3], em todas as culturas do mundo que utilizam máscaras, para se compreender o significado de determinada máscara, o sujeito obrigatoriamente tem que estar inserido nesta cultura, ou buscar um conhecimento aprofundado sobre a mesma. A do palhaço não, em qualquer lugar do planeta, se um sujeito coloca esta “bola vermelha” no nariz, todos saberão que é um palhaço e o que ele representa.




[1] TOWSEN (1976), RUIZ (1987), BURNIER (2001) .
[2] Em Hoje é dia de palhaços.
[3] Zé Regino, o palhaço zambelê. Citação retirada de Hoje é dia de palhaços.

Espera, é Clown ou Palhaço?





O termo clown do inglês pronuncia-se 'Cláun' - traduz-se na língua portuguesa por palhaço. Embora as duas palavras tenham diferentes origens, designam a mesma coisa. A palavra clown é freqüentemente usada na língua portuguesa, já aparece no dicionário Aurélio e significa um palhaço de circo, dotado de muita agilidade e comicidade. A palavra palhaço, refere-se à personagem cômica que provoca o riso.
Roberto Ruiz (1987) entre outros autores[1] afirma que a etimologia da palavra clown, deriva do inglês clod, cloon ou collonus, que denota um camponês, caipira, sujeito simples, de pouca cultura, porém esperto e virtuoso. Já a palavra palhaço vem do italiano Paglia (palha) - material que era utilizado na fabricação de colchões, que por sua vez, fora matéria prima na confecção dos  primeiros  figurinos  de  Paggliaccio (palhaço em italiano) “fazendo, de quem o vestia, um verdadeiro ‘colchão ambulante’”(RUIZ, 1987, p.12) causando um efeito visual cômico e ao mesmo tempo protegendo das constantes quedas.
Existe uma ampla discussão entre as denominações clown e palhaço. Alguns pesquisadores[2] irão defender a ideia de que existem diferenças entre as linhas de trabalho, somente por uma questão didática, pois seja clown, palhaço, paggliaccio, pagiazzo ou payaso, a diferença estará no dialeto em que a palavra é escrita, pois a tradução designará a mesma personalidade. Roberto Tessari (1997 apud Ana Elvira Wuo 1999, p.16) diz que “tanto na língua comum italiana quanto na linguagem especializada do espetáculo, hoje, não existe nenhuma diferença entre a palavra palhaço e a palavra clown, pois as duas palavras se confluem em essências cômicas.



[1] Towsen(1976) Burnier (2001) Wuo (1999) Dorneles (2003) Ruiz (1987) Fellini (1988) Pantano (2007) Bolognesi (2003)
[2] Luis Otávio Burnier (2001) diz que existem diferenças quanto às linhas de trabalho entre clowns europeus por valorizarem mais a gag em si, respeitando a lógica individual de cada. Bolognesi (2003) refere-se ao clown em geral sendo o branco, e palhaço o augusto. Fellini (1988) trata do trabalho dos clowns como um trabalho mais sério, proporcional ao teatro e o circo, e palhaço restringe-se às feiras e praças, mas reconhece que este termo clown é utilizado com sentido de enobrecer “a coisa”.