Apresentação

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Curiosidade sobre Palhaço

O palhaço carrega uma gama de subjetividades em si, sua personalidade, que também demonstra uma visão de mundo diferenciada, que é compilada, também na estética de sua construção visual.
 A construção visual clássica do palhaço, numa referência ao tipo Augusto, pode estar associada à figura do marginal, do miserável. Assim como Bolognesi (2003) aponta-nos em seus estudos, que em meio ao contexto da Revolução Industrial, Augusto “impôs-se como estilização da miséria”, por ser o tipo que não consegue realizar uma simples tarefa. Augusto não estava inserido no contexto do progresso industrial, era inútil. Este fato culminou com o surgimento do gênero Tramp (Vagabundo) nos Estados Unidos. Diversos pesquisadores[1] contam que se estabeleceu uma relação entre o palhaço Branco, com as pessoas de classe social superior, e obviamente, Augusto, seu contraponto. Percebemos então, que este palhaço, sempre se esteve ligado a esta perspectiva de miséria. Seus signos, apontados por Bassi, também demonstram seu status de perdedor.
Hugo Possolo ao falar sobre o surgimento de Augusto[2] destaca que o nariz vermelho, representa o desequilíbrio, tanto emocional, físico, ou moral, que o bêbado e o palhaço têm incomum - Leo Bassi faz a mesma menção ao bêbado, marginal, ao perdedor:

O palhaço é aquele que perdeu. Seu nariz é vermelho, porque com o tempo se embebedando de vinho nas ruas frias, o choro e as quedas, o nariz fica realmente vermelho. Suas roupas são desproporcionais e seus sapatos são grandes porque não lhe pertencem. O palhaço é aquele que perdeu a dignidade. Mas somente quem perde totalmente a dignidade pode atingir uma outra condição de dignidade, e isso acontece quando ele reconhece e aceita sua derrota, sem mágoas, sem culpar ninguém pelos seus fracassos, sem autopiedade.” (LIBAR, 2008, p.174) 

 O nariz do palhaço, a menor máscara do mundo. “A que menos esconde e mais revela” (BURNIER, 2001, p.218). De acordo com José Regino[3], em todas as culturas do mundo que utilizam máscaras, para se compreender o significado de determinada máscara, o sujeito obrigatoriamente tem que estar inserido nesta cultura, ou buscar um conhecimento aprofundado sobre a mesma. A do palhaço não, em qualquer lugar do planeta, se um sujeito coloca esta “bola vermelha” no nariz, todos saberão que é um palhaço e o que ele representa.




[1] TOWSEN (1976), RUIZ (1987), BURNIER (2001) .
[2] Em Hoje é dia de palhaços.
[3] Zé Regino, o palhaço zambelê. Citação retirada de Hoje é dia de palhaços.

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